
O Arcebispo Agostino Marchetto, Secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), entidade que organizou o Congresso, com o apoio da Conferência Episcopal Alemã, presidiu aos trabalhos do Congresso e leu a mensagem do Cardeal Renato Martino, Presidente do CPPMI, na qual se afirma que a Igreja tem necessidade do idealismo e da generosidade da fé jovem dos ciganos. O Cardeal Martino referiu ainda que os Estados devem garantir a todos os seus membros as condições propícias a um autêntico desenvolvimento integral da pessoa humana e deplorou as ambiguidades de Governos relativamente aos ciganos.
O Arcebispo Agostino Marchetto evocou os casos de sucesso de projectos de formação profissional para ciganos realizados na Hungria e em Espanha, neste caso pela Fundação Secretariado Gitano: o projecto ACCEDER que visa a aquisição de competências profissionais que permitem aos jovens ciganos o acesso ao mercado de trabalho. O Secretário do CPPMI mencionou as iniciativas de apoio aos ciganos, tomadas pela OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) e pelo Conselho da Europa no seio do qual funciona o Fórum Europeu dos Ciganos e Viajantes (ERTF), organismo constituído por ciganos que representam as estruturas ciganas dos países europeus; e sugeriu a formação de comissões mistas Igreja – Estado, com vista a programar estratégias de acção que visem solucionar os problemas que afectam os jovens ciganos.
O Congresso formulou diversas conclusões e recomendações nos domínios da evangelização e da promoção social dos jovens ciganos, cujo texto oficial será proximamente divulgado pelo CPPMI.
Constataram-se as inúmeras dificuldades que os jovens ciganos enfrentam na actualidade, em praticamente todos os países presentes, nos domínios da habitação, da educação e do emprego e no que concerne a discriminação, a indiferença e a marginalização a que estão sujeitos e, inclusivamente, o seu não acolhimento em muitas Paróquias; existem, no entanto, casos de ciganos leigos que assumem responsabilidades em comunidades paroquiais onde predominam os não ciganos; assinala-se ainda o trabalho evangelizador de sacerdotes e religiosas de etnia cigana.
No domínio das recomendações, acentua-se a necessidade de os ciganos assumirem as suas próprias responsabilidades na sociedade e na Igreja, de serem apoiados na rentabilização das suas potencialidades quer cívicas, quer religiosas e de a Igreja se abrir mais, no seu interior, à escuta e ao acolhimento dos ciganos e ao diálogo com eles. Neste último aspecto, enfatizou-se a necessidade da formação em interculturalidade nos Seminários.
O Congresso contou com a participação de numerosos ciganos e ciganas, tanto enquanto oradores como na qualidade de participantes. A delegação portuguesa integrou a D. Fernanda da Fonseca Maia (Delmar), cigana de Espinho, do Secretariado Diocesano da Pastoral dos Ciganos do Porto.
“Nós devemos combater o racismo não com as armas mas com o amor, com o trabalho e com a humildade, provando que para além dos nossos defeitos, nós também temos os nosso valores.” Palavras de Branislav Savic, jovem cigano de Itália, na Mesa Redonda dos Jovens Ciganos, durante o Congresso.
Francisco Monteiro - Agência Eclesia