Preocupação com minoria cigana cresce entre evangélicos brasileiros
Eles vivem, costumeiramente, sob tendas, ganham a vida com o comércio, não se ligam a governos, reis, eleições... Enfim, são livres. Os ciganos são totalmente desligados de coisas como residências fixas e não existe consenso sobre a origem deles. A versão mais aceita, segundo o presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana (APRECI), Cláudio Iovanovitchi, aponta que esse povo surgiu no norte da Índia, na região onde hoje está o Paquistão, por volta de 4 mil anos atrás. A partir dali, eles se espalharam pelo mundo, seguindo suas crenças. Estimados em 50 milhões, dividem-se em dois grupos no Brasil: 16 mil ciganos Rom, no sul do país, e 330 mil ciganos Calon, no Nordeste. Mas eles, que são conhecidos como aqueles que não se curvam à burocracia, têm se rendido à grandeza de Deus.
O interesse desse povo pelo Evangelho tem feito com que muitos ministérios se preocupem e comecem a se mobilizar para atendê-los e acompanhá-los no processo de crescimento espiritual. Prova disso é a Missão Amigos dos Ciganos (MACI), localizada em Curitiba (PR), que tem se dedicado à evangelização desse grupo. Em razão das dificuldades e do preconceito que os ciganos enfrentam, o pastor Igor Shimura, coordenador do projeto, e alguns missionários, convidam igrejas a desenvolverem pequenos ministérios, montando equipes formadas por quem se sente chamado para este desafio.
A estratégia tem dado certo. Hoje, muitos já apóiam a visão. Um exemplo é a Igreja Batista Aliança, que fica no bairro Vila Sandra, em Curitiba, local muito freqüentado por ciganos. Os membros do ministério iniciaram um trabalho social e evangelístico. “As atividades deste ‘núcleo de amigos dos ciganos’ acontecem todas as terças-feiras, quando é realizado um culto na tenda do líder do acampamento. Nós não só ministramos a Palavra de Deus, como prestamos assistência médica e viabilizamos as condições para que eles consigam fazer seus próprios documentos de identificação. Não somos assistencialistas, mas os abençoamos com aquilo que julgamos necessário”, diz o pastor Shimura.
Por serem nômades e manterem seus hábitos e tradições culturais, os ciganos enfrentam dificuldades geradas pelo preconceito. Uma delas é o ensino escolar dos filhos. Para Shimura, por se sentirem discriminados, eles também acabam discriminando e construindo uma espécie de barreira, o que dificulta o relacionamento e a aproximação das pessoas, principalmente daquelas que vão falar de Jesus. Por isso, conquistar a confiança e mostrar que não existe nenhum interesse, a não ser o de falar do amor incondicional de Deus, é essencial.
Um evangelismo que acontece dentro de um acampamento de ciganos recebe uma atenção toda especial. Aqueles que vão falar da Bíblia e dos ensinamentos de Jesus têm cuidados e preparos, inclusive referentes às roupas. As missionárias sempre se vestem de acordo com as mulheres ciganas. Usam saias coloridas e blusas de meia manga. O mesmo fazem os homens, que sempre usam calças e blusas de manga comprida. Tudo para evitar ciúmes e conflitos entre os casais do grupo. Segundo a missionária Sheila Moreira, uma das coordenadoras da MACI, falar de Deus a este segmento é uma experiência diferente. No entanto, mesmo com as inúmeras dificuldades, torna-se gratificante. Ela afirma que ao se converterem, os ciganos perdem alguns de seus costumes, como o uso de bebidas alcoólicas em suas festas e a leitura de mãos, não mais permitida, uma vez que a Bíblia condena a previsão do futuro. Mas muitos de seus hábitos ainda são mantidos, até para preservar sua cultura e tradições.
E não é só no sul do Brasil que igrejas têm se mobilizado. Em Campinas, interior de São Paulo, onde há a maior concentração cigana do Brasil – mais de 400 famílias – foi fundada, em 1987, a primeira Igreja Evangélica Pentecostal Comunidade Cigana, freqüentada hoje por cerca de 900 ciganos. No Mato Grosso do Sul, a Missão IDE é coordenada pelo pastor Klaus Simon e tem dado muitos frutos. O mesmo se pode dizer da Assembléia de Deus de Andradas, em Minas Gerais.
Em Santa Fé do Sul, na zona oeste de São Paulo, os Amigos dos Ciganos contam com o apoio do pastor Artaxerxes Fernandes, coordenador do Ministério Calon. Segundo ele, esse trabalho representa um enorme desafio missionário, já que os ciganos ficam três meses na cidade e os outros nove passam viajando. É um tempo que, mesmo curto, faz muita diferença no discipulado. Um exemplo disso é o do cigano Valdir, que já participou de diversos cursos sobre missões e, hoje, é presbítero da igreja e um cooperador na tarefa de levar o Evangelho ao seu povo.
Um relatório publicado pela Igreja Central Cigana, localizada na França e responsável pelos templos evangélicos dos ciganos brasileiros, informou que existem mais de 1.900 ciganos convertidos a Cristo no Brasil. O documento afirma, ainda, que os ciganos estão se organizando em igrejas evangélicas em 36 países do mundo.
Fonte: Ana Cleide Pacheco - http://www.elnet.com.br/
Atualizando o Post
Segue Video de um Culto na Gipsy Church em Los Angeles EUA