quarta-feira, 2 de julho de 2008

Influencia Cigana na Cultura Portuguesa "O Fado"


O Fado e' um estilo musical portugues. Geralmente e' cantado por uma so' pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra classica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.
Para Saber Mais sobreo o Fado http://pt.wikipedia.org/wiki/Fado


Referências ciganas entre as influências do fado
As influências ciganas no fado e a sua chegada a Lisboa a partir «da região saloia» são alguns dos argumentos de teses defendidas hoje no primeiro painel do Congresso Internacional do Fado, em Lisboa


O antropólogo José Machado Pais, que abriu o primeiro painel da tarde, defendeu a existência de um conjunto de influências e referências musicais na constituição do fado, salientando as de etnia cigana.

Para este investigador, há «um silêncio dos ciganos na História de Portugal» e, por analogia, na do fado.

Curiosamente, uma das primeiras citações documentais relativas ao fado, enquanto dança e canto, liga-se à etnia cigana e surge no «Auto das Ciganas», de Gil Vicente, datado de 1521.

Esta é, segundo José Machado Pais, «a primeira fonte documental em que surge o fado ligado ao canto e à dança».

No texto vicentino lê-se: «Entram quatro ciganas dançando e cantando o fado em ciganês», disse o investigador, segundo o qual o auto foi representado em Évora.

O investigador Paulo Lima, por seu turno, afirmou que «recuar a 1830/1840 para falar de fado, é uma ilusão» e defendeu que «o fado chegou a Lisboa por terra e não por mar».

Lima desvaloriza deste modo as origens brasileiras e de além-mar da canção de Lisboa, sublinhando a importância das populações que viviam nas zonas à volta da capital, conhecidas como zona saloia.

«O fado vai-se construir dentro de um conjunto variado de influências fora das portas de Lisboa, e daí ter chegado por terra», afirmou.

Lima contextualizou os sinais do século XVIII, em Lisboa, após o terramoto, em que a capital «era um estaleiro a que aflui mão-de-obra da zona saloia (região Oeste)», explicou o investigador.

O especialista deixou ainda um alerta aos responsáveis pela candidatura do fado a património da Humanidade, que deverão tomar em atenção o papel do fado como canção operária e de contestação em finais do século XIX e princípios do século XX.

Lima citou o papel preponderante neste domínio dos fadistas João Black e José Harrington. O historiador Rui Ramos, biógrafo do Rei D. Carlos, referiu «a emergência do fado como canção nacional» no século XIX, integrada num movimento cultural que qualificou de «reaportuguesamento».

Se o fado surge como «canto nacional agregador« e, na tentativa de reforço de uma identidade nacional, para Rui Ramos, por seu turno, Paulo Lima salientou que, ao ser uma canção "contra o estado das coisas» e do operariado, «mais do que nacional, aspirava a ser universal».

Fonte Jornal Sol Portugal