segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Cirque du Soleil estréia show na Europa inspirado em Ciganos



A tradição circense e a cultura nômade dos ciganos são os temas do novo espetáculo do Cirque du Soleil, Varekai, que estreou na quinta-feira em Antuérpia, na Bélgica, sua turnê européia com presença brasileira no picadeiro.

O nome do espetáculo significa "onde quer que seja" no idioma romeno utilizado pelos ciganos. Com esse show, o Cirque du Soleil quer celebrar "a infinita paixão daqueles cuja busca os leva ao caminho de Varekai".

Varekai chega à Europa depois de passar um ano em cartaz na Austrália.

O show estreou no Canadá em abril de 2002 e, desde então, foi visto apenas em três países - além de Canadá e Austrália, também nos Estados Unidos.

A cultura cigana permeia todos os atos e ganha destaque em uma sessão de dança georgiana, com movimentos fortes e velozes que lembram a luta desse povo para resistir contra inúmeros invasores que tentaram dominá-lo no decorrer dos séculos.

Para completar o ambiente cigano, a compositora Violaine Corradi criou um repertório de canções que combinam melodias de rituais havaianos, músicas de trovadores franceses do século 11 e canções tradicionais armênias com arranjos contemporâneos em flauta e arcodeão tocados ao vivo.

Entre os 56 artistas de 18 nacionalidades que participam do show estão os brasileiros Rodrigo Robleno, que interpreta o palhaço, Natalia Presser e Michele Ramos, trapezistas paulistas que levam dois anos viajando com a trupe.

"É que o Cirque du Soleil adora brasileiros. Os brasileiros tendem a ser mais ousados. Quando perguntam 'será que vai dar para fazer isso?' nós, brasileiros, sempre respondemos 'claro, vai dar sim'. Os russos já são mais quadrados, têm mais medo de arriscar", conta Michele.

Do grupo de 20 artistas que fazia circo mambembe em 1984, o Cirque du Soleil evoluiu para uma organização artística internacional colecionadora de números que impressionam.

Atualmente, emprega mais de 3 mil pessoas de 40 países, entre os quais 900 são artistas. Chega a apresentar simultaneamente 13 shows em diferentes lugares do mundo e cada espetáculo implica em uma verdadeira comunidade itinerante, com fontes próprias de energia, escritórios administrativos, cozinha e escola.

Apenas com Varekai, viajam 180 pessoas e mil toneladas de equipamentos em 52 caminhões.

O show ainda não tem previsão de ir ao Brasil. Atualmente, o Cirque du Soleil está no país com o espetáculo Alegria, em cartaz até junho de 2008.

Confira uma Parte do Espetaculo






Fonte O Globo Online

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Em busca de Tarabatara


por Lila Foster

Em 2005, quatro amigos partem para Alagoas numa viagem de pesquisa para a realização de um filme. Com uma câmera Super 8 e equipamento de som, uma idéia inicial ia tomando forma na busca por uma experiência vinculada à geografia humana e física do lugar, e também por uma relação intensa de amizade entre os quatro, no compartilhamento de sonhos e noites de conversa sobre cinema embaixo do céu estrelado. Nessa andança, encontram um grupo de ciganos. Movida pela paixão pela vida cigana alimentada desde a infância (imagens dos ciganos em Campinas e na Sérvia), uma delas se aproxima do líder do grupo e pede para acampar por uma noite perto das tendas. A noite na fogueira, a conversa com o velho de mãos largas apelidado de Tarabatara, o cantar do “filho aluado” – todas as palavras, imagens e gestos marcam o grupo de forma tão forte que partem com a promessa de que voltariam.

Foi essa promessa de retorno unida à necessidade de garantir uma estrutura para passar mais do que alguns dias junto ao grupo que incentivou Julia Zakia (a menina encantada por ciganos) a escrever um roteiro de documentário para o Prêmio Estímulo do Governo do Estado de São Paulo. Baseado nas primeiras imagens produzidas ainda em 2005, o projeto foi contemplado no fim de 2006 e logo começou a ser produzido em parceria com Patrick Leblanc da Superfilmes. Equipe já formada, Julia partiria para Carneiros, Alagoas, junto com os outros três amigos (Gui César, Guile Martins, Laura Mansur).

Antes da partida, o filme estava totalmente em aberto. Nas conversas que tive com Laura, sempre com muita excitação e uma pitada de medo misturado com ansiedade, divagávamos sobre o que parecia incontrolável: será que eles encontrariam os ciganos? O filme seria sobre uma busca ou sobre o encontro? Como os ciganos iriam receber a equipe? Como seria passar dois meses junto com os companheiros de trabalho e os ciganos? Para quem observava o processo de fora, o filme parecia um salto no escuro: não existia nada de garantido além do desejo de encontrar o grupo de ciganos e o velho Tarabatara.

Na mala, além dos equipamentos, eles carregavam figurinos, fantasias, instrumentos musicais para uma mini-peça que pretendiam encenar nas pequenas cidades e feiras no caminho em busca dos ciganos. Nas palavras de Laura, o teatro “era uma maneira de trabalhar em grupo (e não só viajar), de ocupar nossas cabeças e corpos já com a magia das artes, e de chacoalhar um pouco de cultura e sonho em cada lugar do sertão nordestino”. Mas isso não aconteceu, pelo menos da forma como fora imaginado.

O ponto de partida escolhido foi Senador Rui Palmeira, a cidade na qual encontraram o Velho e sua família. Já na primeira volta, viram um dos integrantes do bando que indicaria o caminho para o acampamento. No fim da tarde, depois de 2kms de caminhada e com o sol já baixo, Julia, Guile e Gui avistaram o acampamento cheio de barracas, lonas e mulheres de vestidos coloridos. As primeiras imagens captadas em Super 8 (ainda de “tocaia”, nas palavras de Julia) foram ansiosas, assim como o primeiro encontro entre a diretora e o Velho que a reconheceu assim que ela chegou. Ainda sem falar sobre a filmagem, a equipe montou o seu rancho: uma lona para equipamentos e equipe no que seria uma casa de portas sempre abertas por dois meses.

Na primeira semana, a câmera não entrou em cena. O teatro foi uma forma de aproximar e explicar ao grupo de ciganos a motivação daquele encontro. Foi neste momento que mostraram a câmera, encenaram as suas funções e o seu envolvimento com cinema. A partir daí, a equipe começou a filmar o cotidiano das famílias, tendo em mente imagens e sons que deveriam ser captados – e um cronograma de filmagem. Apesar do preparo, a experiência da filmagem não estava engessada neste planejamento prévio. Se ia sim com um planejamento, o filme não tinha um “objetivo”, uma idéia a ser provada, um protocolo de ação. Assim, sem excluir uma organização da experiência, delineava-se um princípio ativo (talvez o que existe de mais rico no trabalho desse grupo): permitir que a experiência coletiva despertasse as imagens e os sons da forma mais natural possível. Antes de qualquer coisa existia a interação, o processo de troca entre os ciganos e a equipe, o tempo que teria que passar para que as relações se tornarem mais entregues.

Entre as conversas com os ciganos em volta da fogueira ou à noite antes de dormir, o trabalho foi ganhando “questões” muito vinculadas ao que se observava e vivia: o trabalho intenso das mulheres (descobriram que elas tomam conta de tudo no acampamento: buscar lenha, fazer comida, cuidar das crianças....), sempre com vestidos coloridos e pente na cabeça; as crianças fogueteiras que deram uma energia (e trabalho) não imaginada para o cotidiano; os momentos-limite de choque, não enfrentamento, com a tradição dos ciganos; e até mesmo a transformação desta tradição.

As filmagens acompanharam o que Julia descreve como um período de fortes mudanças para o grupo de ciganos. Por uma série de motivos, dentre eles o cansaço, pela primeira vez o grupo fixou um lugar para ficar por tempo indeterminado alterando o que seria o “cristal daquela sociedade”: a mudança, o nomadismo, a circulação pelo sertão. A fantasia e o sonho estavam sempre juntos com a realidade mais imediata e urgente.

Acompanhar tudo isso de perto não se deu sem medos e contratempos. Um deles foi a adaptação física ao novo espaço: dormir sem portas, alimentação diferente, banho uma vez ou outra. Doenças rondaram a equipe, mas nada que o cuidado com o outro, o eventual soro no hospital, e alguns dias na pousada mais próxima não fosse capaz de resolver. Lidar com as diferenças, a desconfiança mútua inicial, todo o processo de adaptação (com os ciganos e com a equipe) também foi algo que exigiu muito de todos, mas isso transformou o processo do filme mais fascinante principalmente pela coragem exigida.

Nas palavras de Julia: “...cada um da equipe viveu uma experiência, para o filme viver em dobro, mais que dobro. As amizades preferidas, os olhares escolhidos pra filmar, a voz de quem cantando, do cigano cantador, as saias das mulheres. Essas imagens foram nos guiando e também um planejamento de o que filmar do cotidiano, que horas tirar a câmera, as entrevistas noturnas, os acasos, o momento de ir dar uma investida no Velho. Todas as relações mudaram muito, a nossa pessoal da equipe, com cada um deles, e isso às vezes assustava um pouco, porque era muito de repente e de muitos altos e baixos. (...) Não ter teto e porta, e conviver com tanta gente, de todas as gerações, mais os animais, os costumes e os horários, se calar diante de tradições que fazem doer a alma, e outras que fazem chorar de alegria, de fazer parte dali.”

Em dois meses a proximidade era tanta que as mulheres trocavam confidências, Guile e Gui organizaram a gravação do show de um grupo musical dos ciganos e todos já tinham o seu lugar na roda de dominó. Aos poucos a ansiedade do início cedeu lugar ao medo da partida, que ia assumindo a forma de uma saudade antecipada e uma vontade de ficar.

Na volta para São Paulo, eu, que acompanhei de longe a gestação do projeto, aguardava ansiosa pelas histórias. E aqui é impossível não assumir que se trata de um relato feito por uma observadora amorosa. Gui César, Julia Zakia, Guile Martins e Laura Mansur são pessoas próximas de mim, e muito embora essa proximidade possa ser matizada (alguns me acompanham através de seus filmes, outros por conservas sobre cinema, a amizade e Laura é minha amiga de vida inteira), é inegável a força lançada no mundo por esses jovens realizadores.

Tarabatara é mais um filme do grupo Gato do Parque, que conta também com Hélio Villela Nunes (montador de Tarabatara). São amigos que dividiram teto, caminhos e funções nos curtas O Espetáculo Democrático (Gui César), O Chapéu do Meu Avô e A Estória da Figueira (Julia Zakia), Sobre a Maré (Guile Martins) e Chorume (Hélio Villela Nunes). Pela forma de (vi)ver o cinema em grupo, mas também pelo resultado já visto nestes trabalhos anteriores, esta amorosa observadora aguarda ansiosa as primeiras imagens deste novo trabalho – mas certamente não só ela, e sim todos que acompanham de perto os curtas brasileiros.







Fonte Revista Cinetica

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

MOSTRA DE SP TRAZ DRAMA DE CIGANOS VÍTIMAS DA MÁFIA ITALIANA


FILME MOSTRA DRAMA DE CIGANOS
VÍTIMAS DA MÁFIA ITALIANA
Por ALINE BUAES
A história traz à tona uma realidade muito conhecida pelo público brasileiro, mas com outros personagens e em cenário distante. No longa-metragem italiano "Sotto la Stessa Luna" (Sob a mesma lua, ndr), baseado em fatos reais, o jovem diretor Carlo Luglio apresenta o drama vivido pelos ciganos habitantes de uma periferia de Nápoles, considerada uma das cidades mais perigosas da Europa, lutando contra a polícia e as ações homicidas da Camorra, a violenta máfia napolitana. O filme, que fez parte também da seleção oficial do Festival de Locarno em 2006, estará presente na 31ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa nesta sexta-feira, dia 19 de outubro. A história se passa no bairro de Scampia, periferia ao norte de Nápoles, famosa por ser uma das regiões mais degradadas e problemáticas da cidade, conhecida como "paraíso das drogas" e que sofre com a forte presença da camorra. Em outubro de 2004, com o início de uma guerra entre clãs mafiosos pelo controle do bairro, dois jovens ciganos são brutalmente assassinados em uma região nômade de Scampia. Baseado neste fato real, que levou posteriormente a morte de mais de 50 ciganos inocentes, "Sotto la stessa luna" reconta a fuga de toda a comunidade à qual pertenciam as vítimas, na noite sucessiva ao crime. O diretor Carlo Luglio, que desde 2004 trabalha com estas comunidades ciganas, escreveu o roteiro através dos encontros com os próprios ciganos. Os atores, a maior parte amadores, foram selecionados entre a comunidade e os napolitanos habitantes desta periferia. A opção por manter o dialeto napolitano e o idioma romani (língua indo-ariana falada pelos ciganos) foi outra escolha do diretor com objetivo de manter o tom realista e documental do filme. "Partimos daquilo que ocorreu em junho de 2004 em Scampia, mas não nos detivemos apenas sobre o assassinato dos dois jovens romenos. Concentramo-nos sobre suas conseqüências, isto é, o êxodo imediato de cerca de 900 pessoas de dois acampamentos nômades, em meio a uma indiferença geral", explicou o diretor em uma entrevista realizada à imprensa italiana logo após a apresentação do filme em Locarno. "Começamos as filmagens enquanto a briga entre os clãs da camorra, que deixou mais de 60 mortos, estava no seu ápice. Ocorreram, inevitavelmente alguns momentos de tensão, e foi uma experiência muito dura para a equipe", continuou Luglio. A produção contou com financiamento do Centro de Documentação Anticamorra de Nápoles e foi apoiada desde o início pela associação cultural "Figli del Bronx", fundada por Gaetano di Vaio, um ex-presidiário e ex-criminoso napolitano que encontrou entre as comunidades ciganas de Scampia um apoio para recomeçar sua vida.
Di Vaio assina o roteiro do filme junto com Luglio.
18/10/2007 Fonte Agencia ANSA
Abaixo Confira um Trecho do Filme e Entrevista em Italiano


quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Dança Cigana na Assembléia Legislativa de SC

Audiência Pública em 1 de Agosto de 2007
sobre Pontos de Cultura na Assembléia Legislativa de Santa Catarina,
no Sul do Brasil teve como abertura Apresentação de Dança Cigana do
GRUPO DE DANÇAS CIGANAS OPRÉ ROMALE, coordenado por Lourenço Ferraz, é o único Grupo da Região Sul do País a ser apoiado pela União Cigana do Brasil
(filiada a ONU e reconhecida pela Internacional Roma Federation).


Mais Informações sobre o Trabalho desse Grupo em:



quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Ciganos, o Povo Invisível

“Ciganos, o Povo Invisível”


Dia 12 de outubro no Espaço Cultural Tendal da Lapa, em São Paulo.

Sempre ficamos admirados quando um novo grupo indígena é descoberto. Mesmo considerando a imensidão da região Amazônica é surpreendente nos depararmos com seres humanos que não participam do mundo que conhecemos. Mas e quando encontramos uma etnia, que percorreu um longo caminho, desde a Índia até o Brasil?

Um grupo com língua própria, uma cultura baseada no nomadismo, que resistiu à massificação, mantendo costumes próprios? Os ciganos estão aqui ao nosso lado, invisíveis ora para preservar sua cultura, ora para se defender dos preconceitos que nossa sociedade despeja sobre eles. Os ciganos sempre estiveram à margem da nossa História e nosso espetáculo pretende levantar o véu que cobre essa cultura.

O grupo de teatro “Lux in Tenebris”, que recebeu o patrocínio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para este espetáculo, tem como característica em seu trabalho a pesquisa antropológica social e étnica. Esta linha de pesquisa surgiu nos anos 70 quando seus participantes constituíram o Grupo “O Pessoal do Victor”. Em sua trajetória o Grupo “Lux in Tenebris” realizou, entre outros trabalhos, “Até Onde a Vista Alcança” (prêmio Arte em Cena – Nossa Caixa) e “Entre dois Carnavais”, ambos de autoria de Reinaldo Santiago.

“Ciganos,o Povo Onvisível”, de Reinaldo Santiago - Depois de extensa pesquisa e convivência com a cultura cigana, o grupo "Lux in Tenebris" traz para o teatro a história de um patriarca que sonha refazer o "Circo – Teatro", enquanto seus dois filhos se envolvem num triângulo amoroso com a cigana Rosa, que fora prometida para um deles. Todos estes acontecimentos são observados por um padre que vem conviver com esse grupo de ciganos.

Direção e Dramaturgia: Reinaldo Santiago, com elenco: Marcília Rosario | Márcio Tadeu | Paulo Herculano | Níveo Guedes | George Passos | Emerson Ribeiro | Carolina Santiago | Daniela Castelini Paulo Barros.

Estréia: 12 de outubro, com temporada: até o dia 27 de janeiro de 2008, às sextas-feiras, sábados e domingos às 20h. Ingressos: Entrada franca | Reservas pelo telefone: 86000070, no Espaço Cultural Tendal da Lapa, Rua Constança 72, Lapa, São Paulo, Estacionamento no local. Lotação: 50 lugares | Duração: 130 minutos | Censura: 12 anos | Gênero: Tragicomédia.

Antes do espetáculo (entre 18h e 20h), é possível visitar a exposição “Pacha Romale Drom”, que mostra através de textos, fotos, desenhos infantis e vídeo com entrevistas realizadas com especialistas, o caminho que o Grupo “Lux in Tenebris” percorreu para chegar ao espetáculo “Ciganos, o Povo Invisível”, seu contato com pesquisadores e sua vivência com ciganos Rom de Circo e nos acampamentos de ciganos Calon.

Fonte desta Materia Revista Fator

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cigano Rom Schack August Steenberg Krogh


Cientista Dinamarquês Cigano Rom Ganhador do Prémio Nobel da Medicina em 1920



Resumo
A Medicina é composta por inúmeros nomes que ajudaram a desenvolver um emaranhado de conhecimentos que hoje são muito difundidos. Shack August Steenberg Krogh é certamente parte dessa evolução pela qual a Medicina passou nas ultimas décadas. Médico e Fisiologista dinamarquês, ao concluir o curso de Medicina, interessou-se pelo estudo da respiração e dos movimentos sangüíneos. Em 1920, após anos de pesquisa, descobriu o mecanismo que regula o movimento dos capilares sangüíneos e suas trocas gasosas, proporcionando respostas a grandes dúvidas existentes na época, e que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina daquele ano. Krogh fez toda a sua formação e trabalhos na Dinamarca, onde faleceu em 1949, respeitado e admirado como grande fisiologista e pesquisador, e deixando inúmeros outros trabalhos que colaboraram para o crescimento e desenvolvimento da prática médica no século XX.


Introdução
Em 1901, cinco prêmios foram entregues em cinco áreas distintas: Física, Química, Literatura, Medicina e Fisiologia, e esforço em prol da Paz. Foram os cinco primeiros laureados com o Prêmio Nobel, criado e distribuído pela Fundação Nobel, cujo grande incentivador foi o pesquisador e filantropo Alfred Nobel.
Nobel, filho de engenheiros suecos, tornou-se milionário devido as suas pesquisas no campo dos explosivos. Em 1866, Nobel conseguiu isolar o TNT nas conhecidas dinamites, e passou a comercializá-las em todo o mundo, instalando-se em mais de 20 países, detendo mais de 350 patentes, e acumulando uma fortuna que chegou a ser considerada na época como uma das maiores do mundo. Entretanto, Nobel sabia que suas descobertas poderiam causar mal a muitas pessoas, caso fossem usadas de modo indevido. Por isso, sempre demonstrou imensa preocupação e apoio aos movimentos em prol da paz. Antes de falecer, Nobel decidiu destinar a sua fortuna para a criação de uma fundação que financiasse cinco prêmios internacionais para quem se destacasse em 4 áreas específicas (Física, Química, Literatura e Medicina e Fisiologia) e uma em especial para quem se empenhasse em prol da paz e amizade entre as nações. O prêmio é constituído de uma medalha de ouro, um diploma e um valor em dinheiro, que atualmente atinge a cifra de aproximadamente US$ 1 milhão.
Com a instituição do Prêmio Nobel de Medicina, as grandes descobertas passaram a ser amplamente divulgadas, e houve assim um grande incentivo para o aumento das pesquisas na área. Muitos dos laureados com o prêmio foram responsáveis pelo desenvolvimento da Medicina ao longo do século XX. Desta maneira, o Prêmio Nobel faz parte da história evolutiva da Medicina.
É indiscutível que a Medicina passa hoje por avanços que talvez, há muitos anos, eram considerados praticamente impossíveis. A descoberta de agentes causadores de doenças, vacinas, curas para várias patologias, tratamentos diversos, métodos diagnósticos cada vez mais precisos, tem contribuído de maneira decisiva para o aperfeiçoamento da pratica médica. Por outro lado, tem-se deixado de lado algo que é, indubitavelmente, muito importante para a formação médica: a história da Medicina. Fala-se muito sobre as novas tecnologias e técnicas para o desenvolvimento médico e deixa-se para trás as grandes descobertas do passado. Muitos dos avanços presenciados atualmente são conseqüências de estudos realizados ao longo das ultimas décadas, ou até séculos.
A necessidade de se conhecer a história da Medicina está na capacidade de poder compreender que o desenvolvimento de uma ciência é um processo gradual e demorado. Uma citação clássica dos historiadores, que diz que “é preciso conhecer o passado para entender o presente e melhorar o futuro”, sintetiza muito bem a importância do estudo sobre os acontecimentos passados. Na Medicina em especial, com a velocidade espantosa com que as descobertas e o desenvolvimento de novas tecnologias surgem a cada dia, conhecer a história é poder analisar sobre as dificuldades que anatomistas, fisiologistas, patologistas, enfrentavam para poderem concluir suas pesquisas. A falta de investimentos, a limitação de técnicas e instrumentos, laboratórios especializados, enfim, uma estrutura que possibilitasse a busca por melhores resultados, não impedia que se procurasse compreender e solucionar as grandes dúvidas que cercavam o meio científico, e integrar esse conhecimento. Por isso, deve-se conhecer o passado da Medicina, para melhor entender o que está acontecendo no presente, e assim buscar melhorar ainda mais no futuro.
Desta maneira, o objetivo deste presente estudo é fazer uma revisão bibliográfica da vida e da obra de Shack August Steenberg Krogh, um dos grandes pesquisadores sobre a fisiologia do ser humano e que foi laureado com o Prêmio Nobel de Medicina em 1920 com a descoberta do mecanismo que regula o movimento do fluxo sangüíneo nos vasos capilares e suas trocas gasosas durante o repouso e o exercício muscular intenso, demonstrando assim importância de se conhecer o legado daqueles que colaboraram para o crescimento e desenvolvimento da prática médica, estimular o interesse sobre a pesquisa durante e após a graduação, e instigar a curiosidade dos alunos das escolas médicas sobre a evolução da história da Medicina.

Desenvolvimento
Ao contemplarmos a vida e a obra de Schack August Steenberg Krogh, nos deparamos com um cientista muito à frente do seu tempo. A busca por novos horizontes dentro da pesquisa científica, uma curiosidade aguçada e a vontade de desvendar as grandes dúvidas existentes entres os pesquisadores de sua época o levaram a um patamar atingido por poucos através da história evolutiva da Medicina. Apesar de uma vasta obra no campo das ciências, era um cientista reservado, permanecendo praticamente toda a sua vida na Dinamarca, o que trouxe uma certa dificuldade na busca por dados mais detalhados sobre a sua biografia. Entretanto, as referências ao seu trabalho são inúmeras e compõem a maior parte dos resultados obtidos por essa pesquisa.

Biografia
August Krogh nasceu na Dinamarca, em 15 de novembro de 1874, filho de Viggo Krogh, construtor de navios, e Marie, née Drechmann. Desde muito novo, ainda na escola, demonstrava grande interesse em ciências naturais. Aos 12 anos, por exemplo, já havia estudado dois livros de muito reconhecimento científico na época: O Livro das Descobertas (sete volumes, 4.288 páginas, 2.115 figuras) e As forças da natureza (três volumes, 1.508 páginas, 868 figuras), reproduzindo parte das experiências contidas nestes livros. Incentivado pelo professor e amigo Willian Sörensen, passou a interessar-se particularmente por zoologia. Em 1893, começou o curso de Medicina na Universidade de Copenhagen, e após assistir uma palestra do famoso fisiologista Christian Bohr, em 1895, decidiu dedicar-se a zoofisiologia. Assim, aprimorando seus estudos, galgou e conseguiu uma vaga no departamento de Bohr, como assistente, em 1897. Antes disso, em laboratórios da faculdade, Krogh já desenvolvia inúmeras experiências, algumas simples e outras mais elaboradas, tais como o estudo sobre o mecanismo hidrostático das larvas de Corethra, e continuou seu trabalho após a admissão ao departamento de Bohr.
A carreira científica de Krogh começou a partir desta pesquisa com as larvas de Corethra. Essas larvas têm um mecanismo que as permitem imergir ou submergir a partir de bexigas fechadas de ar. Krogh estava disposto a provar que estes organismos funcionavam como tanques de mergulho de um submarino, com o seu conteúdo sendo regulado até o equilíbrio com a água ao redor ser restabelecido. Assim, criou um dispositivo que poderia analisar a composição do ar dentro dessas bexigas. Krogh utilizou-o para demonstrar que as bexigas de ar não continham oxigênio, porém quase exclusivamente gás nitrogênio, e para explicar como seus sistemas de regulação da pressão trabalhavam (a pressão de ar nas bexigas aumentava quando entrava água e diminuía quando saía água). Esses resultados, entretanto, não foram publicados antes de 1911. Mas Bohr ficou surpreendido com a aptidão natural de Krogh para trabalhar em laboratório, pois este elaborou seu experimento de maneira simples, e criou o equipamento necessário com extrema habilidade e engenhosidade, de tal forma que apenas ele conseguia manejá-lo. Assim, obteve carta branca para assumir os laboratórios de Bohr, apesar de sua juventude. Em 1902 Krogh tomou parte da expedição para Disko, North Greenland, onde ele estudou a pressão do CO2 e o oxigênio contido na água de fontes, córregos e no mar. Isso o levou a grandes resultados sobre a função dos oceanos na regulação do CO2 na atmosfera e também começou os princípios da medição tonométrica de gases dissolvidos que Krogh mais tarde aplicou em problemas fisiológicos (1904). Seus estudos durante esta viagem foram possíveis graças ao desenvolvimento de um dispositivo melhorado, ao qual deu o nome de tonômetro. Aos 32 anos (1906), ele venceu o Prêmio Seegen da Academia Australiana de Ciências por um trabalho sobre o papel da expiração de nitrogênio livre do corpo. Experimentos muito cuidadosos com Crisálidas, ovos e ratos mostraram uma produção extremamente pequena de nitrogênio gasoso cuja força é calculada como sendo resíduo de excreção da amônia ou, no caso dos ovos, como o ambiente vive fisicamente do nitrogênio dissolvido no corpo.
Em 1904, veio a público um trabalho de Krogh, juntamente com Bohr, que demonstrava que o dióxido de carbono reduzia a capacidade da hemoglobina de ligar-se ao oxigênio. De uma única vez, conseguiram explicar como o sangue transporta e libera oxigênio aos tecidos. Essa descoberta ficou conhecida como efeito Bohr, mas foi possível graças ao equipamento desenvolvido por Krogh, que podia medir a capacidade de oxigênio ligante no sangue. Anteriormente, Bohr executou medições que demonstraram que o sangue arterial era mais rico em oxigênio do que o sangue alveolar, assumindo assim a mesma posição de vários cientistas da época que acreditavam que o oxigênio passava por transporte ativo dos pulmões para o sangue.
Em 1903, Krogh escreveu uma dissertação que tratava sobre um estudo das trocas gasosas em rãs. Ele descobriu que, considerando que a respiração cutânea era relativamente constante, grandes variações ocorriam a respeito da respiração pulmonar. Esta parte da troca de gás era influenciada pelo nervo vago. Krogh interpretou esse resultado como outro exemplo da difusão de oxigênio que foi admitida por Bohr.Entretanto, logo ele começou a duvidar da precisão de sua conclusão – as observações podiam ser explicadas por uma ação vasomotora do vago – tanto quanto a toda a doutrina da difusão de gás nos pulmões. Juntamente com a colaboração de sua mulher, Dr. Marie Krogh, ele submeteu toda a questão da natureza das trocas gasosas nos pulmões a uma nova examinação. Por este propósito, ele construiu seu bem conhecido microtonômetro, onde a equalização de tensão com sangue tomou lugar contra a bolha de ar e aproximadamente 0,01mL. A superfície relativa então sendo muito grande, o equilíbrio é rapidamente obtido, e, pelos micrométodos de analise de gás desenvolvido por Krogh, a composição final da bolha de ar poderia facilmente ser determinada. A tensão do gás na circulação sangüínea arterial era desta maneira determinada e comparada entre aquela nos alvéolos pulmonares e a obtida no fim da expiração. Isso desmistifica a tese de que a tensão do oxigênio era sempre maior no ar alveolar do que no sangue arterial, portanto, que a difusão sozinha era suficiente para explicar a troca de gás (1911). Esses experimentos fundamentais foram assim opostos às visões de Bohr, que em 22 de abril de 1907 viu o experimento, percebeu a razão de Krogh, e a partir deste dia nunca mais conversou com ele.
O fato acima, tão longamente contado, é o divisor de águas na carreira desse grande cientista. Krogh desmistificou a obra de seu mestre, desafiando uma teoria aceita amplamente até então. A partir destes experimentos, publicados apenas em 1911, após a morte de Bohr, e com grande respeito da comunidade científica da época, Krogh ganhou notoriedade. E seu interesse sobre a ação dos mecanismos fisiológicos da respiração e difusão dos gases no corpo humano ganhou cada vez mais força. Os resultados obtidos espalham uma nova luz no complexo mecanismo que possibilita o organismo responder a variação da demanda de oxigênio. Afinal de contas, um sem número de perguntas que estavam até então sem resposta passaram a receber colaboração de Krogh para a sua elucidação. Como a distribuição de oxigênio pelo corpo humano era responsabilidade do snague arterial, Krogh passou a investigar de forma mais incisiva o fluxo sangüíneo, e suas variações. É a partir desse momento que seu trabalho começa a tomar o rumo do Prêmio Nobel.
Intensificando sua pesquisa sobre circulação sistêmica, Krogh adotou uma idéia que havia sido introduzida por A. Bornstein e desenvolveu um método baseado no óxido nitroso para determinação do fluxo geral de sangue. Desta maneira, Krogh pôde observar que, durante o trabalho muscular, o fluxo sangüíneo aumentava consideravelmente. Krogh considerou que isto era devido às variações de enchimento durante a diástole cardíaca. O suprimento de sangue venoso deve, portanto ser variável dentro de amplos limites e deve durante o repouso ser inadequado para encher os ventrículos. Esta conclusão foi fortalecida em uma análise do mecanismo subjacente (1912) que conduziu também a conclusão que o sistema porta-hepático age como um regulador geral da pressão das veias centrais e desse modo na saída do coração. Além disso, Krogh percebeu que havia um grande aumento no consumo de oxigênio durante esse trabalho muscular intenso. Como já havia sido descrita na literatura científica da época, a quantidade de oxigênio presente nas fibras musculares durante o repouso era muito baixa, sendo apenas o suficiente para nutrir as células e conservar a homeostase. Assim, Krogh concluiu que, para suportar a demanda de oxigênio necessária para nutrir o músculo que está em atividade, a superfície de difusão do oxigênio deveria ser aumentada. Através de suas experiências com difusão de gases nos tecidos animais, e considerando que essas ocorrem nos capilares sangüíneos, chegou à conclusão de que, quando ocorre um exercício muscular intenso, novos capilares que estavam fechados abrem-se, ampliando a superfície pela qual o oxigênio pode se difundir. O contrário acontece no repouso. Essas investigações, contidas no livro A anatomia e a fisiologia dos capilares (1922), resultaram no Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1920, e serão discutidas mais detalhadamente adiante.
Em insetos, assim como vertebrados padrão, Krogh investigou o controle que a temperatura exercia no metabolismo do organismo, percebendo que esta poderia ser expressa pela fórmula de Arrhenius, além de estudar o desenvolvimento de diferentes animais, e que resultaram no livro As trocas respiratórias nos animais e no homem (1916). Além disso, passou a estudar a função respiratória dos insetos, investigando o seu sistema traqueal. As análises do ar do tubo traqueal do gafanhoto comum mostraram valores comparativamente baixos do oxigênio quando o CO2 expirado era relativamente pequeno - é colocado provavelmente para fora diretamente através da superfície por respiração cutânea de grande superfície, visto que o oxigênio é absorvido somente através das paredes da traquéia. Uma ventilação mecânica da traquéia é difícil devido a sua estrutura – em muitos casos nenhum movimento respiratório ocorre – mas experimentos feitos por Krogh (1920) demonstraram que a difusão do gás somente é suficiente para explicar a absorção de oxigênio. No curso de seus últimos estudos não publicados em gafanhotos Krogh encontrou que durante o vôo, quando há um consumo de oxigênio enormemente aumentado nos músculos da asa, um arranjo especial permite uma ventilação mecânica através da traquéia. Esses trabalhos mostraram uma função análoga à função dos capilares musculares nos vertebrados. O resumo de todos os estudos sobre a função respiratória compôs um livro que viria a ser publicado em 1940, chamado A fisiologia comparativa dos mecanismos respiratórios.
Durante os anos que se passaram, Krogh também estudou muito sobre a troca de água e íons inorgânicos nas membranas celulares, cujos resultados foram publicados na monografia Regulação osmótica em animais aquáticos (1937).
Além de todos esses trabalhos, Krogh ainda contribuiu para o desenvolvimento do tratamento para a diabetes. Sua esposa, Marie, médica e pesquisadora de doenças metabólicas, era portadora de diabetes tipo 2. Quando souberam, em 1922, que dois pesquisadores canadenses, Frederick Banting e Charles Best, estavam tratando experimentalmente pacientes com diabetes a partir da insulina do pâncreas bovino, pediram permissão para produzir a insulina na Dinamarca. Krogh, com investimento particular, criou o Nordisk Insulinlaboratorium, que passou a extrair insulina bovina, tratando os primeiros pacientes a partir de 1923.
Entre outros inventos, Krogh desenvolveu a bicicleta ergométrica, com a qual estudou e observou a dinâmica do trabalho muscular, da respiração pulmonar e da demanda de oxigênio durante um exercício físico intenso. Este aparelho constitui até hoje um instrumento essencial para o estudo na Medicina Esportiva, além de ser amplamente utilizado em academias e escolas para a pratica do ciclismo aeróbico.
A Krogh foi dado o título de Doutor Honorário pelas universidades de Edimburgo, de Budapeste, de Lund, de Harvard, de Göttingen, de Oslo, e de Oxford. Foi eleito membro da Academia de Ciência da Dinamarca (1916) e transformou-se membro estrangeiro de muitas outras academias e ligou-se a sociedades, entre elas a Sociedade Real, em Londres (1937). No mesmo ano, lhe foi concedido a medalha de Baly da Faculdade Real dos Médicos, Londres. Krogh também ocupou a cadeira de Presidente Ordinário da Associação de Professores em Zoofisiologia, criada em 1908 por iniciativa sua, de 1916 até 1945, ano em que se aposentou. Seu trabalho continuava, entretanto, no laboratório privado em Gjentofte, erguido por ele com a ajuda de Carlsberg e a Scandinavian Insulin Foundations. Schack August Steenberg Krogh e sua esposa Marie foram casados por 36 anos, quando esta faleceu em 1941. Tiveram 4 filhos, sendo um filho, que se tornou Preceptor de Anatomia na Universidade de Aarhus – posto que manteve até a sua morte – e três filhas. A mais nova é uma conhecida fisiologista nos EUA, obtendo reconhecimento através de importantes pesquisas em zoofisiologia, principalmente em colaboração com seu ex-marido, K. Schimidt-Nielsen. Krogh faleceu em 13 de setembro de 1949.

O Prêmio Nobel
O resultado das pesquisas de Krogh, que o levaram a conquistar o Prêmio Nobel, partiu de hipóteses que ele mesmo considerava pouco prováveis. A comunidade científica da época, que era composta de velhos e novos cientistas, entrava constantemente em atrito quanto aos trabalhos e novas propostas apresentadas que derrubavam, ou ao menos questionavam, os dogmas da ciência. Porém Krogh foi conclusivo.
O conhecimento dos capilares data do século XVII, quando se percebeu que veias e artérias eram grandes demais para cruzarem os tecidos do organismo. Também era sabido que a nutrição para estes tecidos se dava pelas paredes dos vasos, e que a circulação constante de sangue no corpo permitia essa nutrição. Assim, Krogh desenvolveu os passos de sua pesquisa. Primeiramente, ele investigou a provisão de oxigênio para os músculos. Os capilares seguem a trajetória das fibras musculares, e a imagem que se tinha na época era de que os capilares estavam sempre abertos, com um fluxo sangüíneo mais ou menos constante de sangue, e desta maneira, uma difusão constante de oxigênio. Mas Krogh sabia que a circulação arterial diminuía no repouso e aumentava na atividade muscular. Desta maneira, a conclusão a qual Krogh, em palavras suas, “era forçado a chegar”, era de que, no repouso, o sangue não circulava por todos os capilares, pois alguns se fechariam, e apenas abririam durante o exercício muscular.
A partir deste momento, surgiu a segunda dúvida: os capilares abertos estavam distribuídos regularmente nas fibras ou ficavam vazios de sangue por grupos quando a artéria que os supria se fechou?
Para solucionar esta questão, Krogh decidiu contar os capilares. Ele passou a injetar contrastes com tinta preta indiana que endurecessem mais tarde, via intravenosa, em músculos de animais, como rãs e cavalos. Assim, a pesquisa consistia em analisar um corte transversal do músculo destes animais durante o repouso e após um exercício muscular. No caso da rã, por exemplo, esta era sujeita a um trabalho muscular e em seguida era injetado o contraste, com o propósito de encontrar todos os capilares abertos. Considerando o imenso número de capilares existentes ao redor das fibras, tornavas-se muito difícil contabilizá-los. Então foi resolvido que era melhor passar para uma avaliação microscópica mais ampla, observando a regularidade ou não na distribuição dos capilares e a relação entre eles no repouso e após um exercício muscular. A diferença entre o músculo ativo e o descansado é demonstrada claramente em tais preparações, e encontrou-se que, se os capilares abertos são poucos ou numerosos, sua distribuição é sempre razoavelmente regular. Além disso, no que se refere à relação entre repouso e exercício, percebeu-se que no descanso os capilares abertos têm o seu diâmetro extremamente reduzido, enquanto durante o exercício apresentam seu diâmetro bastante aumentado.
Esses resultados comprovaram a teoria de Krogh, porém ele não estava completamente convencido. Ele percebeu que a ação de contrair a parede dos capilares e estes se fecharem ocorria de maneira independente. Mas o fato de haver essa contratura independente gerava outras dúvidas: a variação do diâmetro do capilar era independente da artéria que lhe originava ou não? O estímulo para a contração era mecânico, elétrico ou químico? Se estiver sob controle nervoso, qual é o nervo? Podem ser os elementos histológicos de contratibilidade visíveis em suas paredes? Esses eram questionamentos que ainda seriam investigados posteriormente.
Primeiramente, Krogh tentou resolver a questão sobre a independência ou não dos capilares com as artérias. Ele analisou a lingüeta de uma rã, por ser esta rica em capilares, e cuja estrutura permitia a visão imediata em microscopia. Ao excitar a lingüeta da rã com uma ponta de metal fina, ele percebia que havia dilatação capilar, porém, em apenas pequenos pontos. Conforme o estímulo aumentava, a dilatação aumentava proporcionalmente, até atingir uma artéria, quando assim começava um fluxo repentino de sangue para dentro do capilar. Esta experiência é importante porque mostra que a pressão venosa muito baixa é suficiente para encher os capilares cujas paredes são flácidas, enquanto a pressão arterial elevada não puder forçar a entrada em um capilar contraído. Desta maneira, percebeu-se que quando a dilatação de um capilar ocorre, isso não é possível por causa de um simples aumento na pressão arterial, e sim devido a uma mudança na condição das paredes dos capilares – no caso um relaxamento de seus elementos contráteis.
Os elementos que acionam o mecanismo de dilatação dos capilares podem variar muito. Os capilares da pele humana, por exemplo, dilatam-se quando a pessoa passa por situações emocionais ou mecânicas, como o exercício. Elementos químicos, como o uretano, causaram uma grande dilatação nos capilares da lingüeta da rã. Além disso, provocou uma permeabilidade ao plasma sangüíneo nas paredes dos capilares, deixando o capilar completamente cheio de elementos figurados do sangue, podendo ser uma explicação para os edemas.
Krogh comparou a lingüeta da rã com a pele humana, devido aos resultados obtidos serem muito semelhantes ao que se via em diversos momentos da vida do ser humano. O sinal do edema era o mesmo, o rubor e a cianose quando havia dilatação ou constrição excessiva, entre outros sinais importantes. Esta constatação, juntamente com fatos análogos, remete a conclusão de que a dilatação dos capilares não depende apenas da pressão arterial, mas também de uma mudança na condição das paredes destes capilares. Alargando-se as artérias, conduz somente a uma pressão mais elevada nos capilares, e a um fluxo mais rápido do sangue entre eles. A coloração maior ou pouco vermelha de um órgão depende, no primeiro exemplo, do índice do sangue dos capilares. Caso haja uma dilatação extrema dos capilares e das artérias, de modo que o fluxo do sangue se torne muito lento, e uma parte essencial do oxigênio do sangue seja gasta durante sua passagem, tem-se por resultado a coloração azul.
Um número muito grande de substâncias são encontradas que produzem a dilatação capilar e, por uma ação mais forte, o edema. É o caso da histamina, que promove vasodilatação e aumento da permeabilidade dos capilares. Daí o mecanismo dos anti-histamínicos utilizados atualmente no combate às reações alérgicas. O sangue deve conter essas substâncias que agem nos elementos contráteis nas paredes capilares, e estimulam-no a contrair-se. A presença de tais substâncias no sangue implica num mecanismo extremamente completo e regulatório, por que o sangue é distribuído completamente e regularmente da maneira mais econômica. E conforme a utilização do órgão irrigado, o tônus dos capilares pode aumentar ou diminuir. Logo, explica-se o fato de que quando uma pessoa que não se exercita freqüentemente pratica uma atividade de grande esforço, ocorre dor, podendo chegar à inflamação do membro, pois o tônus do capilar está diminuído. Assim, o tecido pode sofrer um extravasamento de sangue, causando os sinais e sintomas de um estiramento muscular, por exemplo.

Conclusão
A instituição do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia propiciou um grande incentivo para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a pratica médica e às funções fisiológicas do corpo humano. E August Krogh foi essencial para esse processo de crescimento. Com o seu trabalho, Krogh conseguiu comprovar que a demanda de oxigênio para o consumo muscular depende da expansibilidade dos capilares, ou seja, que quanto maior a abertura desses vasos, maior a troca gasosa e maior oferta de O2 para a produção de energia.
Sobremaneira, o conhecimento sobre a história da evolução da Medicina pode nos fornecer suporte para compreendermos o que acontece atualmente no desenvolvimento das ciências e da pratica médica. O alto grau de avanços tecnológicos presentes na pratica da Medicina nos remete ao esforço dos antigos pesquisadores, que muitas vezes despidos de instrumentos capazes de proporcionar os melhores resultados durante seus pesquisas, trouxeram imensas colaborações para transformar a Medicina no nível a qual ela se encontra hoje.
E, obviamente, fica clara a importância do incentivo à pesquisa durante a graduação como uma maneira de proporcionar ao aluno a oportunidade de aprender a desenvolver trabalhos com métodos e embasamento científico, imprescindíveis para a formação profissional.


quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vida Cigana


Vida Cigana

Jovens nômades contam como mantêm cultura e tradições
em acampamentos espalhados pelo país

Diário OnLine
Tradição: Famílias de ciganos mantêm vivas as
tradições, apesar de alguns viverem fora da Lei
Ser nômade, para muitos ciganos, é a condição sine qua non da própria existência. “Cigano não quer pátria. Quer voar, ser livre, não quer ficar preso ao sistema”, diz Bruno da Silva Soares, 16.Bruno é um dos ciganos que acampa ao lado da linha do trem, em Itapevi (43 km a oeste de São Paulo). Chamam-se a si mesmos de calós e são de origem romani-ibérica. Mesmo há 15 anos no acampamento, são raras as famílias, entre as 98 que se distribuem em 32 barracas, que moram só ali. O clima é de chegada. Ou de partida.Os últimos que vieram são um grupo de 15 alagoanos, há um mês em São Paulo. “Somos de Penedo, viemos de ônibus de Sergipe, mas antes a gente vinha montado em jegue até São Paulo. Iam uns três em cada um, em cestos. Levava mais de um mês para chegar”, conta José Ramos, 21.Na viagem, José e seus familiares praticamente só levam algum dinheiro, ‘o mínimo para fazer um pequeno comércio’, segundo ele. E, se não têm casa para dormir, eles constróem. “A gente compra a lona no centro da cidade e monta a barraca em dez minutos”, diz José.”Eu vim com R$ 100. Dá para comprar dez reloginhos. Boto na prancheta e saio para vender. Subo e desço ladeira em São Paulo com eles”, conta José, que vem a São Paulo desde os sete anos. Os alagoanos querem ficar quatro meses para depois passar uma temporada em Santos.No acampamento, apesar dos grupos se dizerem unidos por laços étnicos e a língua oficial ser o caló, que lembra o catalão, os limites regionais são visíveis. De um lado estão os alagoanos. De outro, os mineiros. Os capixabas entre eles. E por aí vai. Vêm de todas as partes do Brasil.Os alagoanos têm as barracas mais simples. Dentro, só cabe a cama. À frente há uma pequena fogueira para preparar as refeições. As barracas dos ciganos vindos de Minas Gerais são menos precárias, mas lá também transparece a pobreza.Mais adiante estão as barracas dos capixabas. Chegaram há 30 anos do Espírito Santo e foram os primeiros a ocupar esse território em Itapevi. E, como na lei dos ciganos, quem chega antes manda, entre eles estão os capitães. Traçam as rotas de viagem, decidem disputas e as datas das festas.As barracas dos capixabas chamam a atenção pela divisão de espaços idêntica em todas as barracas: carro de um lado, cama de outro e, à entrada da tenda, fogão e pilhas de panelas areadas.Dentro delas, há mulheres e crianças. Vanessa Maria de Oliveira, 14, é a mulher de Bruno. Casou há um ano e mora com ele e os sogros. Às onze da manhã já preparou o almoço e lavou a roupa. Ao som de música sertaneja, cola unhas postiças.”Quando a gente casa, os ciganos não admitem que a gente continue na escola. Mas, para mim, tanto faz”, conta Vanessa, que diz ter passado em todas as matérias da sexta série, quando parou de estudar.Sônia Ferreira Amaral, 18, também ‘adotou’ a família do marido desde que se casou, também aos 13. “É a tradição. Quando a mulher casa, vai morar com o marido e com os pais dele. Eu estudei até a quinta série. Depois, tive que parar”, diz.Freqüentar escolas regularmente é um desafio. Além dos ciganos levantarem sempre acampamento, os capitães dos grupos não incentivam a escolaridade tradicional.Fernanda Evans Sbano, 12, mora com sua família de origem cigana romani, dona do pequeno circo Sbano, armado no Jardim Palmira, na Grande São Paulo. Há um ano Fernanda se apresenta fazendo força capilar, número acrobático em que ela é sustentada pelo cabelo.Ela cursa a sétima série, mas sempre muda de escola. Chegou a ficar dez dias em uma. Isso é possível pela lei do Conselho Estadual da Educação, que permite a mudança de escolas para estudantes sem endereço permanente quando os pais têm profissões itinerantes, como aqueles que trabalham em circos.”É difícil fazer amigos, eles ficam muito impressionados por eu ser de circo. Fazem perguntas das quais eu não gosto. Por exemplo, se eu durmo em cama, se tenho banheiro”, diz Fernanda, sentada em frente ao picadeiro. Ao redor, cinco traillers e nove cachorros ‘que foram aparecendo pelo caminho’ e um cavalo, o Mescaleiro, o que sobrou da cavalaria dos tempos de glória do circo, quando a família chegou a ter nove deles, há três décadas.Assim como Fernanda, seus primos adolescentes que moram no circo passam as noites recolhidos. Os ciganos em Itapevi também não costumam sair do acampamento. A balada é à frente da fogueira. Conversam e dançam forró e música sertaneja, além de música. “Hoje eu vim ao acampamento para fazer uma saia com a costureira para a festa de Nossa Senhora Aparecida”, diz Sônia.A santa é para os ciganos a representação brasileira de Santa Sara Cali, a padroeira dos ciganos. Por isso, no dia 12 de outubro vai ter festa no acampamento.Ciganos nem sempre vivem dentro da leiAlguns ciganos vivem fora da lei no Brasil. Isso acontece quando ocupam terrenos de maneira ilegal, não possuem documentos, não votam e não pagam impostos como os demais cidadãos.Segundo Eduardo Tess Filho, presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da seção de São Paulo, os ciganos no Brasil não têm um tratamento diferenciado segundo a Constituição, assim como qualquer outro grupo étnico ou cultural.”Quando os ciganos são estrangeiros precisam obedecer as leis de imigração. Mas, quando se trata de um brasileiro, não ter e não portar a documentação mínima exigida, como o RG, a pessoa está irregular. Quem não cumpre seus deveres cívicos, como votar, também está irregular. Não servir o Exército quando convocado é considerado ilegal. Não pagar impostos é sonegação, e sonegação é crime. Ocupar terrenos de maneira irregular também é um ato criminoso, seja em propriedade privada ou pública”.”A única diferenciação que a Constituição faz é para os índios, que já estavam aqui quando o Brasil foi colonizado. Existe o reconhecimento dos direitos à cultura e língua desses povos primitivos’, diz Tess Filho.Acampamentos
Os ciganos que vivem no acampamento de Itapevi não ocupam o local de maneira legal, de acordo com a assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Itapevi. Essas famílias estão num terreno que pertence à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).”A prefeitura não fornece água, luz ou esgoto. Se eles têm luz e água, estão fazendo ligações clandestinas, portanto é ilegal”, diz a assessoria de imprensa da Prefeitura de Itapevi.O cigano Reginaldo Marques Oliveira, 32, conhecido como Juan, não vive no acampamento mas tenta ajudar seus ‘irmãos’ orientando-os com relação a questões legais, como, por exemplo, a necessidade de fazer documentos. “É um povo muito fechado, é cultural, mas aos poucos estão aprendendo”.

Origem
Qual é a origem dos ciganos? Embora muitos ostentem no peito medalhões de ouro com pirâmides gravadas, os primeiros grupos de ciganos teriam partido da Índia. “Há mil anos, de acordo estudos lingüísticos”, diz a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, professora da Universidade de São Paulo. Quem dá a pista é o próprio idioma que eles falam até hoje, o romani.Além de o romani ter como base o sânscrito ou o punjali, línguas que eram faladas na Índia no passado, o idioma cigano herdou outros idiomas com os quais os ciganos tiveram contato durante o êxodo.”O romani vai seguindo a trilha geográfica por onde eles passaram. Eles saíram da Índia, foram para a Pérsia, depois passaram pelo Império Bizantino, no século 14, e a partir daí seguiram para o leste europeu e o norte da Europa”.Segundo Tucci, são várias as ramificações de ciganos que se espalharam pela Europa. Como conseqüência, o romani se dividiu em vários dialetos. Um deles é o caló, de origem ibérica, também falado entre os ciganos no Brasil.Os primeiros ciganos vieram parar aqui durante a época da Colônia. De acordo com Tucci, primeiro eles tiveram de enfrentar os julgamentos da Inquisição em Portugal, por serem confundidos com feiticeiros, ‘pelo aspecto sobrenatural da prática da cartomancia e da leitura de mãos’. Em seguida, foram deportados para as colônias portuguesas da África e do Brasil.Apesar dessas linhas gerais de grandes correntes migratórias, a história dos ciganos é um vai-e-vem incerto. “O povo tem uma forte tradição nômade e, quase sempre, as peregrinações se confundem com perseguições por preconceito cultural”, diz Tucci.”Estava pesquisando o período Vargas no arquivo do Itamaraty e encontrei ofícios secretos do governo, de 1936, proibindo os ciganos de entrarem no Brasil. Eram cerca de 30 ciganos fugidos do leste europeu, a bordo de um navio chamado Alexandrino”, diz ela.”Eles vinham de Lisboa, havia entre eles gente de 60 anos e crianças de dois, de quatro anos de idade. Foram impedidos de desembarcar no Rio de Janeiro”, conta Tucci. “É uma rota sem destino, eles iam de porto em porto, de país em país, até quando pudessem descer do navio”.Segundo Tucci, criou-se um estigma em torno do perfil cultural dos ciganos. “Por isso hoje eles têm um tratamento diferenciado. Primeiro porque são itinerantes, sempre vistos como estranhos. Depois, porque o idioma que falam, comparado às grandes línguas européias, gera um ruído”, diz a historiadora, que além de ser professora de história da USP é diretora do Lei, o Laboratório de Estudos sobre a Intolerância, que pertence à universidade.Até a independência do Brasil, no século 19, os ciganos eram julgados pela legislação portuguesa. Tucci conta que eles apareciam em várias passagens da legislação como um povo estranho.”Eles tinham que manter distância das outras pessoas, eram proibidos de freqüentar lugares públicos e de falar a ‘geringonça’ - essa é a expressão que eles usavam para chamar a língua deles”.Tucci comenta a imagem que se tem deles hoje. Afinal, eles são conhecidos pelo modo de vida introspectivo e por carregar uma espécie de aura misteriosa. “É o lado sobrenatural deles, que envolve a quiromancia e a cartomancia, e que é o mais explorado pela televisão quando se refere a eles”, diz ela.


Material Publicada no Jornal Diario do Vale

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Ronn Marckes



Itapevi - O músico Ronn Marckes, foi o primeiro artista a ser entrevistado pelo Jornal da Gente na edição nº 1, em fevereiro de 1999. De lá para cá, o músico aprofundou seus conhecimentos na cultura cigana e optou pelo resgate e difusão desses valores.
"Decidi fazer um trabalho sobre aquilo que eu gosto. Peguei as raízes ciaganas e as desenvolvi. Mas continuo fazendo MPB, só que 95% do meu trabalho são composições próprias", explicou Ronn. Em 2000, ele lançou o CD Terra Cigana, com músicas próprias e versões do grupo Gipsy King; e este ano lançou o CD Vida Cigana, com 11 músicas próprias. Os discos não possuem selo e são vendidos durante as apresentações ao vivo que são feitas nos finais de semana em tendas ciganas, em casas noturnas e espaço de eventos em diversos municípios. "Minhas músicas mostram a vida em sua relação cotidiana, as diferenças sociais e o menosprezo da sociedade para com os ciganos", afirmou.
Para Ronn, "a cultura cigana precisa ser melhor difundida para ser mais respeitada". Para tanto, ele desenvolve um projeto de criação de Casas da Cultura Cigana em diferentes regiões do Estado que devem propiciar ao povo cigano um rodízio de tendas. "Uma das características do povo cigano é ser nômade e a cada três meses, por exemplo, a Casa seria ocupada por um grupo diferente", disse ele. Quem quiser conhecer melhor o trabalho
de Ronn Marckes, ligue para: (0xx13) 34243565 ou cel (0xx13) 996059659 


Casa de Cultura Cigana

Materia Publicada por Elioenai Piovezan no Jornal da Gente

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

El arte gitano llega a la Bienal de Venecia



La Bienal de Arte de Venecia dedica este año y por vez primera un espacio al arte gitano con un Pabellón Gitano que reúne a 16 artistas de 8 países europeos.

El Pabellón Gitano trata de satisfacer a los que desean presenciar “una Cultura” con mayúscula y a aquellos que aman el arte gitano, precisamente a causa de sus elementos estereotípicos románticos y exóticos.
La mayoría de los visitantes dejarán la exposición con más preguntas que respuestas:¿qué es el arte gitano?,¿quién lo representa mejor?, ¿debería llevar un mensaje político?. Son preguntas que no han sido formuladas antes por el público en general. En ello puede residir el éxito del primer Pabellón Gitano. Se nota que los gitanos y el arte gitano existen. El pabellón Gitano se podrá visitar en el Palazzo Pisan S. Marina (‘piano nobile’) de Venecia hasta el 21 de noviembre de 2007.





Más información: http://www.romapavilion.org/