quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O Vaticano e os Ciganos


Vaticano condena preconceitos contra os ciganos

O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI) considera que a sociedade actual deve ser capaz de superar os tabus e preconceitos em relação às populações ciganas, que considera vítimas de “marginalização”.

A posição é apresentada num documento de oito páginas, nascido após a reunião dos directores nacionais da Pastoral para os Ciganos, em Dezembro do ano passado.

Entre as recomendações agora apresentadas pode ler-se que “a Igreja deve, em certo sentido, tornar-se cigana entre os ciganos, para que estes possam participar plenamente na vida eclesial”.

O CPPMI lamenta a falta de uma aproximação “específica e especializada” da Igreja e dos seus responsáveis em relação aos ciganos. Pede-se, por isso, que as comunidades cristãs se deixem “enriquecer” pela presença destas populações, com forte aposta na pastoral das vocações, peregrinações, formação cristã e preparação dos sacramentos, admitindo mesmo a criação de esquemas “não habituais”.

Os ciganos, conhecidos por distintos nomes – rom, sinti, manouches, kalé, yeniches, zíngaros, etc. – são um grupo étnico específico que provavelmente teve sua origem na zona ocidental da Índia, e cujo número só na Europa oscila entre os 9 e 12 milhões, com concentração no Leste europeu.

A Santa Sé presta uma atenção pastoral especial aos ciganos desde 1965, após a I Peregrinação Internacional dos Ciganos a Roma, que deu origem ao Secretariado Nacional de Apostolado Cigano. Em 1998, João Paulo II criou o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Imigrantes e Itinerantes, confiando-lhe, através da constituição apostólica Pastor Bonus, a tarefa de “se empenhar para que nas Igrejas locais se ofereça uma eficaz e apropriada assistência espiritual”. A 4 de Maio de 1997, os ciganos assistiram à beatificação do mártir espanhol Ceferino Jiménez Malla, primeiro cigano elevado à honra dos altares.


Vaticano recebe I Encontro Internacional de ciganos consagrados

O Vaticano planeia ser anfitrião do I Encontro Internacional de padres ciganos, diáconos e religiosos, uma forma de apoiar e promover as vocações.

O Arcebispo Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes apontou que, o encontro marcado para 23 e 24 de Setembro, “possibilita a partilha entre os ciganos consagrados, a constituição de uma rede de trabalho e uma reflexão sobre o seu papel na promoção da missão da Igreja”.

O Encontro marcado para o Vaticano, vai centrar-se no tema “Com Cristo ao serviço do povo cigano”.

Dos cerca de 100 ciganos consagrados em todo o mundo, a maioria concentra-se na Europa oriental, segundo informação adiantada pelo Arcebispo Marchetto. O termo «cigano» é usado para identificar as diferentes comunidades.

O encontro surge na continuação do documento do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes em 2006 - “Orientações para uma Pastoral dos Ciganos”, que indica ideias e normas para o ministério. Pede, simultaneamente uma maior formação para leigos ciganos para deveres pastorais e para a promoção as vocações do presbitério, diaconato e vocações religiosas.

O Arcebispo Marchetto sublinhou que o Conselho vai divulgar um documento final com as preocupações e sugestões dos participantes.

Fonte Agencia Eclesia