Estima-se que existam atualmente no Brasil cerca de 6 mil acampamentos ciganos. De acordo com a Pastoral da Criança, os acampamentos abrigariam mais de 250 mil ciganos. Não há, porém, dados precisos a respeito. Por isso, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) pretende elaborar um levantamento mais aprofundado sobre o povo cigano.
O subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da SEDH, Perly Cipriano, informou que os primeiros abordados deverão ser os ciganos acampados, que são nômades ou semi-nômades, e depois os que já vivem em centros urbanos. "Muitos já estão vivendo na periferia, por isso é necessária uma política de geração de emprego e renda para eles.” Segundo Cipriano, serão estudadas medidas que poderão dar aos ciganos inclusive direito à aposentadoria, desde que contribuam para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Ele informou que está sendo criado em Brasília um centro de referência dos direitos do povo cigano. “Vai ter advogado, psicólogo, estagiários, que vão ajudar na defesa desse povo.” O centro fará a distribuição das cartilhas sobre os direitos deles, que foram lançadas na semana passada, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminese, e dará orientações aos ciganos sobre como agir em determinadas circunstâncias.
Cipriano destacou que é necessário o envolvimento dos que não são ciganos na causa desse povo. “Quem não é cigano precisa ter conhecimento também da causa cigana." Segundo ele, a falta de documentos impede o atendimento deles por programas sociais. "Queremos que o cigano tenha acesso à Bolsa Família, mas como é que ele vai ter Bolsa Família, se não tem documento?”. De acordo com o subsecretário, o governo já está preparando material sobre o registro civil de ciganos.
Para ele, é necessário ainda que o Ministério da Educação desenvolva um ensino específico para os ciganos nômades. “Se a criança não está na escola e não tem documento, não tem direito à Bolsa Família”, explicou Cipriano. Ele disse que a medida beneficiaria, sobretudo, os ciganos pobres dos acampamentos.
Perly Cipriano acredita que tais medidas contribuirão para valorizar e fortalecer esse povo. “E para conseguirmos fazer com que a sociedade não tenha nenhum tipo de preconceito contra o cigano, respeitando e valorizando esse povo, com a sua cultura e tradição.”