segunda-feira, 13 de agosto de 2007

PRÓ-CIGANOS

O mundo gira, e no giro do mundo civilizações

se perderam e até se tornaram lendas.

Os ciganos continuam girando no mundo, com o mundo.

E longe de se tornarem uma lenda contam as lendas do mundo.

(S.R. de Souza, in Ciganos romum povo sem fronteiras)


For the gypsy, there exists only one rule: “There are no rules”.


Você gosta dos ciganos, caro leitor, cara leitora? Em relação a eles podemos ter estas opções: odiá-los, amá-los, ignorá-los. Eu prefiro amá-los. Sabe por quê? Porque eles são o povo mais excluído da terra e eu me identifico com eles. Quem nunca foi excluído? Na escola? No trabalho? Numa festa... Eu sempre me senti excluído, desde criança. Agora, imagine o povo cigano que sofre exclusão milenar... Saiba que eles tiveram grande influência na formação da nossa pátria. Por falar em pátria relembro que uma das qualidades invejáveis e intrínsecas desta etnia cigana é não ter Estado / nação / pátria: o mundo é sua pátria. Que maravilha! O povo que não se curva à burocracia, não tem armas nacionais, selos ou símbolos de qualquer natureza, mas respeitam os valores do país que os acolhe. Agora, na ONU, consideraram eles oriundos da Índia; outros criaram uma bandeira e hino para eles, não sei se vai pegar. Ciganos são totalmente desligados de coisas como residências fixas. Podem até morar em palácios, contudo, mantêm a alma cigana nômade. Não se ligam a governos, reis, eleições, enfim, livres como pássaros no céu. Vivem muito bem sob tendas. Gostam de dinheiro, sim, gostam de negociar, sim! Afinal precisam viver, e o mundo é duro, muito duro para os párias. Em penosíssimas deambulações, são jogados daqui para ali, sem qualquer consideração das autoridades, sem qualquer assistência social, sem médicos, nem instrução e sem apoio algum. Ignorados pelas famosas ONGS, e pela turma dos direitos humanos, repelidos pelo povo em geral, que não se lembra das palavras de Jesus: Vinde a mim eu vos aliviarei! Onde estão os que se intitulam representantes do Padre Eterno? Onde estão os cristãos? Onde a caridade? Eu invejo os ciganos pela capacidade de sobrevivência sob fatores tão adversos. Eu quero e não posso ser um deles, a sociedade não me permite, mas se eu fosse cigano , seria uma honra para mim. Você já viu um ciganoseqüestrador? Já viu um cigano assaltante de bancos? Já viu criança cigana abandonada? Já viu velho cigano abandonado? Aqueles que falam mal dos ciganos, que liguem o ‘desconfiômetro’, devem levar em conta que eles, os ciganos, são espelhos de nós mesmos. Você me entende?... [Se você vê no cigano um homem desprezível, você é também desprezível; porém, se vê um homem bom, você é bom. É o fator espelho, meu caro]. Seja livre (no íntimo) como um cigano! Somente assim será feliz. Por último, não menos importante, procure imitar Jesus, o verdadeiro Salvador e também o maior dos ciganos. Foi Ele que disse: Amai-vos uns aos outros. Lembra-te ainda de que somos partículas de Deus, O Grande Arquiteto do Universo. E como muito apropriadamente, magistralmente disse, em trova, o grande poeta Augusto de Lima, em síntese cosmogônica:

Há uma só lei da existência
sob a esfera luminosa;
partilham da mesma essência
homem, ave, estrela e rosa.

Daí, somos todos irmãos! Os ciganos também são nossos irmãos.

Trecho da Obra de
Asséde Paiva

Rev.: Acir Reis